Though nothing will drive them away / We can be Heroes, just for one day.
– David Bowie, Heroes, 1977.
Talvez estejamos a vivenciar o melhor dos tempos, ainda assim o pior dos tempos, uma idade de sabedoria, mas também de insensatez, uma época de crença e de incredulidade, a estação da Luz e também a estação das Trevas, a primavera da Esperança e o inverno do Desespero. Há tudo à nossa frente, mas também o Nada. Seguimos direto para o Paraíso, porém marchamos ininterruptos à direção oposta[i]. A marcha nasceu direcionada às mais altas aspirações, constantes pedidos por subjetivas mudanças Pro Bono. A oportunidade de algo opaco e amorfo, há muito patologicamente desejado, jaz (ou jazia) a nossa frente, mas, por que não a agarramos?
Os movimentos brasileiros proto-revolucionários de junho, e também seus refluxos, podem ser entendidos (ao menos agora que a poeira parece abaixar) como a revolta de uma determinada geração contra os constructos sócio-políticos engendrados por seus pais, uma ameaça de abalo à paternal Politéia de 1988. O que foi visto na rua, interpreta este comentador (também partícipe), diferentemente de outras partes do mundo (verbi gratia, Egito e Tunísia), não foi, aprioristicamente, resultado direto de uma luta contra um sistema opressor e, por isso, anti-democrático. Revolta-se contra o crescente e agudizado Mal-Estar[ii] criado pelo paternalismo pós-repressão militar, nascido da Quinta República. Parece ser não só uma tentativa de parricídio, mas também a revolta do Ego contra um Superego potencialmente artificial – queremos ser algo, e certamente nos arriscaríamos a não ser o que vocês querem que sejamos.
O presente Mal-Estar Brasileiro se opera de duas formas paralelas e concorrentes entre si – justificação histórica do presente status quo e administração dos “riscos” da (e à) Democracia. O resultado deste arranjo jurídico-político é a imanente hostilidade institucional às necessidades e anelos do povo, outrossim, a negação às etiologias dos problemas sociais hodiernos.
Aqueles que marcharam às ruas em junho, arrisco a dizer, foram em sua maioria criados sob os auspícios zelosos da Carta Magna de 1988, assim como o presente ensaísta. Esta geração, portanto, ignora instintivamente as formas pelas quais se dá o seu Mal-Estar. Não há, após intermináveis vinte cinco anos daquela conturbada e paradigmática Assembléia Constituinte, a necessidade premente de confabulações teoréticas acerca do Estado, Sociedade, Ordenamento Jurídico ou Indivíduo, há apenas uma violenta reação eminentemente fisiológica ao Mal-Estar.
Eis que baixou feito febre nesta geração a sensação de que nada jamais daria certo, que todos os seus esforços seriam para sempre inúteis, e que nada se modificaria[iii]. Do estado febril seguiram-se espasmos, e destes vieram barricadas, coquetéis, multidões, multitude, multitudo… Quando se deu por si (se isso algum dia ocorreu), a juventude posta à rua percebeu que seu grande medo era o destemor que sentia[iv].
II
Ao ocaso dos movimentos originais, e no início de muitas outras manifestações paralelas (Ocupa Cabral e outras) parece ter sido evidenciado um caractere quase esquecido de nossas muitas experiências sócio-políticas – a Diaphonia[v], desacordos entre as muitas possibilidades de mundos sociais possíveis. De maneira mais concreta: inumeras respostas à hipotética indagação retórica “qual Brasil desejamos?” O cauteloso Realismo[vi] Político da experiência política pátria pós-1988 parecia rechaçar a possibilidade de uma profusão de eventuais diálogos intermináveis acerca de instanciações de verdades e sistemas de megaimagem social. A reflexão política, então circunscrita ao enrijecimento ontológico da Quinta República, parecia querer voltar enquanto discussão possível e necessária.
Todavia, as manifestações e as discussões oriundas da referida Diaphonia, como tudo criado pelo homem, embora tenham nascidos “puras” (ao menos em seus animuses e Leitmotive) , nelas foram projetadas as demências humanas, transpondo-as da lógica para a epilepsia (CIORAN, 2011: 13). O Homem é um ser de lacunas, muitas vezes preenchidas por odiosos simulacros de idéias retorcidas ao alvedrio do poder estabelecido. Portanto, o horizonte epistêmico de uma antropologia política que venha a informar análises das referidas manifestações descreve, nesta senda interpretativa, um infinito de almas corrompidas, seres e coisas que giram em círculos em busca de sua própria queda, indivíduos alienados e absolutamente insossos, que crêem em qualquer coisa, sem um único grão de clarividência, sem uma gota de lucidez, desregrados pelos seus próprios excessos (CIORAN, 2011: 27).
Primeiramente, acerca dos discursos e projetos que emergiram nas manifestações, em análise crítica, fenomenológica e existencialista, nota-se que complexidade de uma abstração imagética concernida à reflexão política parece ser inversamente proporcional a sua contraparte existente no mundo da empiria. Nesta realidade opaca (ŽIŽEK, 2001: 82-83) dos discursos políticos haverá, inexoravelmente, alguma lacuna entre o que emerge do mundo da experiência e os constructos metafísico-lógicos de proveniência psíquico-reflexiva (SARTRE, 2011: 136). As estruturas engendradas pela consciência do intelecto, ao serem transpostas à empiria, não desaparecem, embora pareçam aprisionadas às contingências mundanas, ligadas, factualmente ao menos, às necessidades de poderes estabelecidos, os quais são refratários a eventuais mudanças estruturais, exempli gratia. Mídia, Igreja, a maioria dos partidos políticos e o grande Capital. Desta forma, ocorre um natural distanciamento do que foi inicialmente elaborado pela mente humana (SARTRE, 2011: 119) com vistas a ser mobilizado ao debate político-filosófico. Neste sentido, verifica-se que a realidade sensível do que foi bradado às ruas, quando cotejada às suas respectivas idéias primevas, revela um desconhecimento dos hodiernos concernidos a discussão às suas próprias ideologias (ŽIŽEK, 1999: 21).
Destas lacunas equivocadamente preenchidas por medíocres panacéias políticas oriundas da “opinião publicada” (em detrimento de uma legítima reflexão pública), seguiram-se sintomas patognomônicos de algo mais nefasto – delírios tipografados em hebdomanários mal-afamados, discursos alucinados de auto-proclamado filósofo bacharel em jornalismo, semiótica confusa atrelando máscaras de anti-herói britânico a um injustificável ufanismo– acometeu-se aos manifestantes grave caso de “Esquizofrenia Politica”. Todos se achavam extremamente progressistas, embora vez ou outra ressoassem em tom solene e pretensamente autorizado a defesa de empoeirados rebotalhos jurídico-institucionais do século XIX (como o voto censitário[vii]), ou anacrônicos discursos da Guerra Fria como a lógica e presumida culpabilidade de grupos insidiosos de esquerda. Esses esquizofrênicos políticos acreditam ser como revolucionários progressistas a defender suas barricadas, mas não passavam de ecos da odiosa e confessamente reacionária “Marcha das Famílias com Deus Pela Liberdade”.
Há ao menos quatro caracteres típicos ao discurso da citada patologia política: 1) evidente ignorância cultural; 2) pululante moralismo; 3) inconfesso consumismo; 4) alienação político-social. Na primeira categoria abundam os exemplos de completo despreparo cultural de alguns manifestantes (os mais enquadrados pela lente e tipografia da opinião publicada), fruto dos currículos escolares básicos de feições tecnocratas, alheios a formações humanistas – por exemplo, alegada surpresa com a presença de policias infiltrados (o chamado P2), acreditando ser uma criativa invenção de nossas forças de segurança, sem ao menos fazer referências ao Inspecteur de Police Javert, imaginado por Victor Hugo em Les Misérables. Quanto ao moralismo, este se apresenta em duas vias concorrentes entre si, mas não contraditórias, quais sejam, a denúncia do “Mal Moral”[viii] óbvio e ululante (tais como corrupção e “falta” de investimentos na educação e saúde), e a condenação do “vandalismo”, aparentemente o vocábulo favorito de nove entre dez editoriais da Grande Mídia. A primeira faceta do referido moralismo apenas evidencia a total despolitização de muitos manifestantes – como assim “todos contra corrupção”? Por acaso antes havia algum grupo declaradamente constituído de indivíduos “favoráveis ao malversação do erário”? Nessa interpretação, por parte dos manifestantes, rasteira e naïf, e, por parte dos aparelhos midiáticos, perversa e hipócrita, é evidente a ausência (volitiva ou não) da falta da real discussão política que precisávamos, a saber, indagações como: “se os problemas sociais são fruto de nossa sociedade desigual, como podemos tentar resolver isso?”, ou “quais as possibilidades de reversão do déficit de representação política”, dentre outras perguntas socraticamente necessárias à sociedade. Outra face desse moralismo surge durante e após os (naturais) excessos da manifestação, o chamado “vandalismo”. Se os críticos moralistas realmente possuíssem a devida noção de como é a rotina urbana para a maior parte da população trabalhadora[ix] (equivocadamente denominada de “Nova Classe Média” nos sonhos molhados de politólogos afeitos aos quantativismos acríticos) saberiam que grande parte do “vandalismo” é apenas Raiva, e com isso não há moralidade ou moralismo possível. Há apenas fúria, a mesma que há alguns séculos decapitou (mais ou menos justamente) monarcas, e seria salutar que os atuais governantes se lembrassem disso e que viessem a ter um genuíno e incessante medo. Os dois últimos caracteres da “Esquizofrenia”, inconfesso consumismo e alienação político-social, se sobrepõem semioticamente, pois o recurso ao slogan de grandes marcas (especificamente “Vem pra Rua” da Fiat e o “o Gigante Acordou” do Johnnie Walker) evidencia não só a vulnerabilidade consumista ao marketing, mas também o fato de simplesmente ignorarem que muitos estão acordados e na rua há muito tempo lutando por uma sociedade mais justa (movimentos sociais, como os que denunciam a truculência policial, ou os que advogam igualdade de Direitos Civis para casais homoafetivos, por exemplo). A lacuna entre animus original e discursos hegemônicos nos movimentos juninos pareciam crescer exponencialmente a cada nova mobilização.
As Jornadas de Junho haviam nascido como grandes movimentos proto-revolucionários, uma retomada dos ideais de Estado Social frustrados durante e após a última Constituinte, outrossim, uma negação à gaiola de ouro forjada ao ocaso da Repressão, todavia tudo parecia caminhar para uma grande contra-revolução, com feições pós-modernas, como um flashmob. Se ao menos dessa revolta, dessa angústia, saísse alguma coisa que prestasse. (ABREU, 2005: 78)
III
Ao ler sobre grandes acontecimentos históricos, à primeira vista, tudo parece muito linear, justificado, explicado, como um roteiro de filme medíocre. Mas podemos realmente ver ou entender tudo o que foi condenado ao escquecimento, aquém de nosso nascimento, ou prever o que está por vir além de nossa finita existência? Estamos no meio de um desses grandes enredos, narrados linearmente, com heróis, vilões, derrotados e vencedores, apenas ainda não podemos ver o resultado. Somos agora, nestes (outrora) movimentos proto-revolucionários, personagems de um conto a ser absorvido pela imagética ocidental, fundada em meias-verdades e fraudes – não importa se, para a historiografia ortodoxa, Sócrates ou Jesus existiram, nos focamos nos resultados da práxis diuturna de seus discursos, mais ou menos arraigados a determinada noção humanista ou teológica respectivamente. O Angelus Novus de Klee descrito por Walter Benjamim trata desse espanto de quem vê a Historia se fazer no caos, enquanto o ser angelical vê o todo, a ser entendido como dialética pelos mais críticos:
Onde aparece para nós uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma única catástrofe que continua a amontoar destroços sobre destroços e os arroja a seus pés. O anjo gostaria de se deter, despertar os mortos e reunir o que foi despedaçado, mas está soprando uma tempestade no paraíso que o impele irresistivelmente para o futuro a que volta suas costas, enquanto à sua frente o monte de ruínas cresce em direção ao céu. O que chamamos de “Progresso” é justamente esta tempestade[x]
(BENJAMIN, 1974: 249)
Para aqueles que foram às ruas com ideais progressitas e vêem agora sua iniciativa ser cooptada pelos seus próprios adversários (ainda que alheios à própria posição política) certamente fica um gosto ruim na boca, uma náusea, uma derrota estranha – como àqueles, na primeira metade do século XX, que lutaram contra sociedades autoritárias e conservadoras mas se viram temporariamente vencidos pelo fascismo (porém tempo suficiente para que muitos trens lotassem Buchenwald, Dachau e Treblinka) restou uma sensação de vida danificada, uma “vida que não vive” (ADORNO, 2005: 20-22). Ademais, a exemplo do cidadão alemão ao fim da Grande Guerra, o manifestante agora furstrado pelo destino dos protestos parece não mais saber qual o seu papel, id est, fragmenta-se em uma dolorosa consciência de uma realidade opressora, parece sofrer de uma Ansiedade Metafísica, nos termos de Wilhelm Worringer (GUINSBURG, 2002: 392).
É verdade que tudo parece perdido – hostes conservadoras se levantam e tomam os espaços de protesto, a criminalização de legítimos movimentos sociais caminha a passos largos, as possibilidades de efetiva participação popular (como o natimorto plebiscito) parecem minguar. É dificil, é verdade, manter agora qualquer grau de otimismo – onde estão os gritos de ordem contra o Capital? Onde estão as bandeiras vermelhas que outrora tremulavam entre as barricadas? Tudo isso passou como as fogueiras de junho, como a garoa gelada que esfriou nossos ânimos. Como deixamos chegar a esse ponto? Como em muitas histórias, chegamos a um ponto onde as coisas não parecem poder terminar bem. Pode tudo ser como um aparente inelutável revés do segundo ato de uma grande epopéia, na qual aguardamos por um evento Deus Ex Machina. Poderíamos, por auto-preservação ou até decepção, voltar atrás, deixar tudo isso para outros, mas não o fizemos, nem planejamos agir assim. E por que? Por uma odiosa irracionalidade romântica juvenil? Não – cremos ainda não estar no fim de todas as coisas, e, sendo assim, por ideais que transcendem nossos próprios medos e inseguranças, ainda valeria a pena lutar.
A primeira coisa a fazer seria levar a sério os ensinamentos do Mestre de Ljubljana, especificamente a retomada da Dialética Hegeliana (ŽIŽEK, 2012). Assevero, todavia, que, para além da crença metafísica nos constructos filosóficos de Hegel, deve-se tomar o método como principal mecanismo – o revés, a antítese, é justamente o momento para retomar o projeto original bradado às ruas em junho.
Nesta retomada dialética do animus original, devemos observar que o que sobrou de Junho, o Mal-Estar, as razões, os modos e o telos dos manifestantes progressistas, constituem em grande medida ecos de todas as lutas pela emancipação humana, pela ruptura de convenções conservadoras, pelo fim de todas as ilusões que nos escravizam. “O que eles deixaram foram estes três postulados: importante é a luz, mesmo quando consome; a cinza é mais digna que a matéria intacta e a salvação pertence apenas àqueles que aceitarem a loucura escorrendo em suas veias” (ABREU, 2001:31).
Apesar do atual momento crítico, por ideais e por dever moral, é premente retomar os postos de batalha (talvez da Grande Batalha política de nosso tempo). A estrada aberta pelos pioneiros de Junho ainda jaz larga a todos nós, e, parafraseando a fala de Anna Karina[xi], basta seguir em frente em direção a tudo que amamos.
Se retormarmos a luta agora, apesar de toda decepção e esquizofrenia havida, talvez no futuro cada um de nós poderá orgulhosamente declamar o trecho final do magnum opus de Dickens, reclamando um lugar honroso em nossa História – e é nisto que eu escolho acreditar.
Eu vejo uma bela cidade e um povo radiante saindo desse abismo (…) Eu vejo as vidas pelas quais dediquei minha vida, em paz, úteis, prósperas e felizes. Vejo que eu deixei um santuário em seus corações e nos corações de seus descendentes e nas gerações vindouras. É a melhor coisa que eu faço e é a melhor coisa que eu jamais fiz. E este é o melhor descanso que eu poderia ter [xii].
(DICKENS, 1859: 377)
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Daniel Nunes Pereira
Referências Bibliográficas
ABREU, Caio Fernando. “Transformações”. In. Morangos Mofados. Brasília: Editora Brasiliense. 1982.
ABREU, Caio Fernando. “Eles”, In. O Ovo Apunhalado. Porto Alegre: L&PM. 2001.
ABREU, Caio Fernando. “O Rato”. In. Caio 3D – O Essencial da Década de 1970. Rio de Janeiro: Editora Agir. 2005.
ADORNO, Theodor. “Minima Moralia: Reflections On A Damaged Life”. Londres: Verso. 2005.
BENJAMIN, Walter. “Über den Begriff der Geschichte” Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag. 1974.
CIORAN, Emil. “Breviário de Decomposição”. Rio de Janeiro: Rocco. 2011.
DICKENS, Charles. “A Tale of Two Cities”. Londres: Dover Thrift Editions. 1859.
FREUD, Sigmund. “O Mal-Estar na Civilização”. In. Obras Completas – Vol. 18. São Paulo: Companhia das Letras. 2010.
GUINSBURG, Jaco. “O Expressionismo”. São Paulo: Editora Perspectiva. 2002.
LESSA, Renato. “Agonia, Aposta e Ceticismo: Ensaios de Filosofia Política”. Belo Horizonte: Editora UFMG. 2003.
RICOUER, Paul. “Le Scandale du Mal”. In. Esprit, juillet-août. Paris: Presse FR. 1988.
SARTRE, Jean Paul. “A Imaginação”. Porto Alegre: L&PM. 2011.
SOUZA, Jessé. “Os Batalhadores Brasileiros: Nova Classe Média ou Nova Classe Trabalhadora?” Belo Horizonte: Editora UFMG. 2010.
ŽIŽEK, Slavoj. “The Sublime Object of Ideology”. London/New York: Verso. 1999.
ŽIŽEK, Slavoj. “On Belief”. London: Roudlege. 2001.
ŽIŽEK, Slavoj. “Less Than Nothing: Hegel and the Shadow of Dialectical Materialism”. Londres: Verso. 2012.
[i] Adaptação e tradução livre do original “It was the best of times, it was the worst of times, it was the age of wisdom, it was the age of foolishness, it was the epoch of belief, it was the epoch of incredulity, it was the season of Light, it was the season of Darkness, it was the spring of hope, it was the winter of despair, we had everything before us, we had nothing before us, we were all going direct to Heaven, we were all going direct the other way(…)” (DICKENS, 1859:3)
[ii] Em sentido freudiano, Unbehagen, portanto. (FREUD, 2010: 61)
[iii] Parafraseado do original “Feito febre, baixava nele às vezes aquela sensação de que nada daria jamais certo, que todos os esforços seriam para sempre inúteis, e coisa nenhuma de alguma forma se modificaria.” (ABREU, 1982: 66)
[iv] Paráfrase (ABREU, 1982: 67)
[v] Cf. Lessa (2003: 19)
[vi] Cf. Lessa (2003: 20), em referência a Jon Elster, esta negação a Diaphonia, portanto redução de alternativas de representação de mundo social, pode ser descrita pelas premissas normativas concernentes à conduta humana; 1) free-riding; 2) miopia social; 3) aversão ao risco.
[vii] Especificamente a suspensão do título de eleitor dos beneficiários de programas governamentais de redistribuição de renda, v.g. “Bolsa Família”.
[viii] Em sentido Kantiano, portanto, “Böse”, algo como “vilania”, cujo comportamento loquaz seria sintoma, Cf. Ricouer (1988: 6) – “L’homme pécheur donne beaucoup à parler, l’homme victime, beaucoup à se taire“.
[ix] Cf. Jessé Souza (2010: 22-23)
[x] Tradução livre do original: “Wo eine Kette von Begebenheiten vor uns erscheint, da sieht er eine einzige Katastrophe, die unablässig Trümmer auf Trümmer häuft und sie ihm vor die Füße schleudert. Er möchte wohl verweilen, die Toten wecken und das Zerschlagene zusammenfügen. Aber ein Sturm weht vom Paradiese her, der sich in seinen Flügeln verfangen hat und so stark ist, daß der Engel sie nicht mehr schließen kann. Dieser Sturm treibt ihn unaufhaltsam in die Zukunft, der er den Rücken kehrt, während der Trümmerhaufen vor ihm zum Himmel wächst. Das, was wir den Fortschritt nennen, ist dieser Sturm.”
[xi] Especificamente, a atriz interpreta a personagem Natascha von Braun em “Alphaville” de Godard, e a citação refere-se a uma errática paráfrase de “Capitale de La Douleur” de Paul Eluard – “(…)il suffit d’avancer pour vivre, d’aller droit devant soi, vers tout ce que l’on aime…”
[xii] Tradução livre do original: “(…) I see a beautiful city and a brilliant people rising from this (…) ‘I see the lives for which I lay down my life, peaceful, useful, prosperous and happy(…) ‘I see that I hold a sanctuary in their hearts, and in the hearts of their descendants, generations hence. (…) ‘It is a far, far better thing that I do, than I have ever done; it is a far, far better rest that I go to than I have ever known.”