Samba: experiência sensória de desaculturamento – Número 161 – 03/2018 – [24-41]

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Performance apresentada no evento Marginália Filosófica no dia de São Miguel (29 de setembro), dois dias depois do das comemorações de Cosme, Damião e Doum, e retrabalhada no mini-curso apresentado na Semana Livre de Filosofia que teve início na dia 20 de novembro, evento em que homenageamos Zumbi dos Palmares. Ambos os eventos ocorreram na UFS no presente ano (2017). A música mencionada no início dessa epígrafe é um ponto da Umbanda em que se pede com o auxílio de tambores-atabaques que Orixás venham iniciar os trabalhos do terreiro.

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Tambor, tambor, vai buscar quem mora longe tambor. Eu vi Oxossi na mata, vi Ogum no Humaitá, meu pai Xangô lá nas pedreiras, ô Iansã, ô Iemanjá. Tambor, tambor…

Povo baiano, povo africano, força divina vem cá vem cá…

Baianíssimo Gil, faz um favor pra mim, manda descer pra ver, pra ouvir, pra lembrar.

Brasil esquentai vossos pandeiros iluminai os terreiros que nós queremos sambar.

Cada paralelepípedo da velha cidade vai se arrepiar ao lembrar.

Mapa e missão de passista

Faremos nossa experiência sensória do lembrar começando da margem de cima, lá do lugar de Orixá (e já os chamamos!), descendo ao centro e voltando à margem por fora, ou seja, depois passaremos ao morro Favela Óca (oca-loca-louca-loka), Favelóka, Sounds, experimentando o infinitamente sambar, depois o fingir amor com dor, depois volteios ao centro da dor sem amor para, já subindo, findar no voltar a guerrear sem fim do embolar sambar o Tio Sam no Samba Rock.

Claro, vivemos a opção de falar sobre o outro lado do mar, sobre o que nem francês entende de tão sem sentido se vem de cá, ou sobre o também sem sentido que nem brasileiro entende de tão esquecido, ficamos com o segundo, decisão louca falar até dos vida loka do Brasil que, a la Thaide e Dj Hum, pode ser um retalhar-colecionar-costurar-colar-balançar-brincalhar-sambar-lembrar, um falar mesmo de tempo ruim de quem se assume marinheiro só, de só marinheiro só no balanço loco do navio de cá, que balança no mar-terreiro-céu de cá, cá onde algo somos, onde fazemos missão. Chama Orixá! Convidemos Rosa Maria! Grita aí os Dimas! Queremos ver e ouvir Anastácia dar sua risada! Vamos espectrar!

Primeira experiência sensória: infinitamente sambar.

Silêncio, por favor, enquanto esqueço um pouco a dor no peito [Acadêmico-imperativo-especulativo breque: esqueço também a tristeza, a infelicidade, e sabemos que pra saudade o remédio é cantar]. Não diga nada sobre meus defeitos [chega de defeito de brasileiro], eu não me lembro mais quem [ou o que] me deixou [ou me aculturou] assim.

Hoje eu quero apenas uma pausa de mil compassos [um milhão de compassos, quero apenas passar] para ver [ouvir, sentir] as meninas e nada mais nos braços só este amor [este amar, este acontecer de amar] assim descontraído. [Que amor é esse?]

Quem sabe de tudo não fale, quem não sabe nada se cale [claro, não se trata aqui de um saber, uma teoria, afinal de contas a “verdade está sempre com dois lados” e “amor é tema tão falado”], [mas] se for preciso eu repito [apito, matraco].

Porque hoje eu vou fazer, ao meu jeito eu vou [nós estamos a] fazer, um samba sobre o infinito. [Infinitivo sambar. Salve Paulinho!].

Esquecer um pouco a dor, a tristeza, a saudade, a infelicidade, até quase não se lembrar mais, afinal de contas a tristeza parece não ter fim, mas a felicidade parece ter sim. Irmão marrom diz: trilha estreita. Esquecer até encontrar um outro amor? Se for de saudade o remédio é cantar! Salve o sem respeito Gonzaga! Parece, pois, paradoxalmente, quando amor acontece a gente esquece ou finge esquecer que já sofreu de ter amado um dia. Será que é possível? Isso explica porque também des-amor é tema tão falado, exige o duplo, e coração sabe que felicidade é canção a duas vozes. Mas coração sabe? Quase curar a dor, só um pouco, com alegria, quase matar a saudade, com a felicidade, pois também é melhor ser alegre que ser triste. Estes, além de muitos outros, é claro, sempre foram os grandes temas de uma voz que é o próprio Brasil, o mais próprio Brasil; uma voz da qual certamente um Kant desconfiaria, desconfiança óbvia, tendo em vista que ela está no plano do sentir sem sentido, coisa do coração, e não da razão, estar com o ser sim e não, não com sido ou sim ou não, não à razão de delegado Chico Palha, é assim que falamos dos Kants-Palhas de cá: paias, malas. Uma voz de tristeza alegre, de alegria triste, de infelicidade feliz, de uma morte que espreita, mas que enquanto viva, faz viver mais, de uma vida sempre ameaçada, mas de uma morte que está sempre à beira do carnaval. Dor? Vai Vai passar, nesta avenida… Experimentemos:

Eu sou o samba, a voz do morro sou eu mesmo sim senhor, quero mostrar ao mundo que tenho valor, eu sou o rei dos terreiros. Eu sou o samba, sou natural daqui do Rio de Janeiro, [Acadêmico-imperativo-especulativo breque: da Bahia, de Pernambuco – terra de poeta cirandeiro sambador –, de São Paulo etc, certamente dos morros favelókas do Brasil], sou eu quem levo [insisto em levar] a alegria para milhões de corações brasileiros. Mais um samba, queremos samba, quem está pedindo é a voz do povo de um país. Pelo samba, vamos cantando essa melodia pro Um [ultra-mega-super multinacional] Brasil feliz. [Salve Zé Keti, que de quetinho não tinha nada!].

Eis o lugar onde se faz a voz que faz esquecer lembrando, que traz alegria para milhões de corações, e não de razões, onde habita o povo que pede, pois sabe sem se lembrar de saber que sem ela, a tal voz, viveria a tristeza sem fim, e esta – que não é brincadeira – é silêncio mais fundo, e no fundo não finge, como tentaremos escutar. Por isso mesmo a necessidade de um plano do sentido, presente tardio do outro lado do mar, plano que gera tanta desconfiança da razão-delegado. – Paia?! Por isso também o samba, do lado de cá, tem que viver do desejo de mostrar que tem valor, e ainda mais que cá temos moral-valores, de certo ainda mais absolutos. Na academia “aqui-ali quase-agora-sempre” entra Stravinsky, Beethoven, Brahms, Bach. – Bah?! Não entra Pixinguinha, Cartola, Geraldo Filme, Jackson do Pandeiro, não entra Zés-inhos, pior ainda se for Zeca e Pagodinho. Entra Baco Exu do Blues? Menos ainda Peri ou, do Tupi, Curumin, e pior se for Jurema ou Iracema, mas ainda mais sem nomes Cunhatãs. Quem? Onde? Ninguém as pode ver, ouvir, e até há pouco também não se devia ouvir Jovelina, Ivone Lara, Clementina, mesmo que sem Flores também sejam de Jesus. E essa para lembrar o magnífico Adoniran. Ora, mas vadiavam (diz voz Chico Palha)! Nos salões Wittgenstein imaginários de cá, não entram Nadas Marias, pior se for dos Santos ou pra Quebra Barraco. Claro e distinto NÃO! Que dirá se fosse quase menina-menino Iracema-Peri. Entra Linn da Quebrada? O que? Só branquear-generalizar-curar! Total violento-silêncio! Nada! Nada[r] = não-samba[r].

E claro que a depender do Adorno, de fala exclusiva, não entra Miles Davis, nem John Contrane, nem Ray Brown, mas muito menos ainda Elza, mesmo que ela soe mais, que ela soul mais, que ela sounds mais, que ela soe pelos ares, que ela Soares. No entanto, ela fez lembrar ao coração que a carne mais barata do Açougue Brasil é a carne negra, que de tão pobre é a mais preta, questão de ngdbr.com.pr. E ainda lembra sambar-bolar-embolar garrinchar a bola! E olha que esses ainda soam. Só mesmo na hora da cilada-festa, na hora que a tristeza da mentira cai, quando cai a noite é que toda academia pode fingir não ter vergonha de ter a alma negra, indígena, criança. Mas este “é” aqui quase-agora-sempre é outro fingir, onde a palavra de ordem é o mandar esquecer. Mas o que esperar de um dos mais eficientes templos do acultura-esque-cimento? Piauí pedreiro índio-preto entende mesmo é de cimento! E o esque? Aqui quase-agora-sempre Samba é Geni, bom pra se lambuzar, mas feito pra apanhar e bom de cuspir, é Anastácia calar. Cospe nos pedreiros índios-pretos, nas Pombas Giras. É o quase-agora-sempre cuspir no podre da carne mais barata do açougue; ir mais longe, esquecimentar. Fazer nadar o já nada de índio criança, nem ouvir, nem cuspir: nadar. Lapidar com cimento, definitivamente amordaçar. Escutemos:

Ninguém ouviu [ou viu] um soluçar de dor no canto do Brasil, um lamento triste sempre ecoou desde que o índio guerreiro foi pro CATIVEIRO e de lá [de cá] cantou.

[Breque: Cativeiro, cativeiro, cativeiro…]

[Oração: Salve índio guerreiro que, mais avançado que a mais avançada das tecnologias, virá para nos dizer-contar-cantar o óbvio, salve Tupã].

Negro entoou um canto de revolta pelos ares [soa-Soares], do Quilombo de Palmares onde se refugiou…

[Breque: Carandiru, Carandiru, Carandiru.
Febem 174, Febem 174, Febem 174].

[Salve negro fujão] (…)

E de guerra em paz de paz em guerra [brecar-cantar-soluçar de dor…]

Surdez e Macumba? Origens do suposto maldito Samba que insiste em nos lembrar, afastar do que estando-sido nas Europas salões Wittgenstein não somos nem nunca fomos. Mas insiste, mesmo quase sem ser-fazer-ouvir, “eu sou o samba”, dito por todos nós; insiste em cantar-gritar-soluçar que nós somos. Muitas vezes doloroso-acontecer, a voz do morro! Mas às vezes tristeza tem fim. Insistamos no Tom de Vinícius, experimentemos:

O morro [Imperativo breque: Reserva-Palmares] não tem vez, e o que ele fez já foi demais [desbrecar: fez ecoar a voz de um povo do país, o país do Samba, o povo do Brasil]. Mas olhem [vendo ouvindo] bem vocês [talvez da academia, mas com certeza da cidade. Da Univer-cidade?] quando derem vez ao morro toda a cidade [embaixo aqui quase agora onde temos Estado] vai cantar. [Verdadeira ameaça para a cidade de lá, de láaaaa, o lá do centro]. Morro pede passagem, [novamente, é preciso no infinito repetir] morro [é] quer[er] se mostrar. Abram alas pro morro tamborim vai falar [Tamborim falar? Muita matraca! É preciso! Samba precisa (com) pe(-é-pé)dir passagem? Cilada! Eis o preciso-exato do pé-cismar].

É 1, é 2, é 3, é 100 é 1000 a batucar [é procissão, batalhão que vai se afogar, mas a matracar!]

O morro não tem vez [condenado a não ser, não ser-ouvido, não ser sentido, esquecer, desacontecer, cilada do mais que morrido], mas, se derem vez ao morro, toda cidade [lá embaixo, mesmo lá, lá, laaaaá bem longe do céu, no centro] vai cantar [revolução do quase-nunca acontecido, pra sempre cantar-sambar-amar-assombrar. Salve Favela Sounds!].

O morro não tem vez, mas se derem vez ao morro toda cidade vai cantar [revolucionada que seria se decidisse não sabido do outro lado do mar saber-sambar].

Morro pede passagem, morro quer se mostrar [quer ser, quer acontecer, fazer experimentar que é um algo, espectrante quase descer], abram alas pro morro, tamborim vai falar[-cantar-amar. Mais matracar, mais sambar. Infinito passar]

É 1, é 2, é 3, é 100 [é 171, mesmo que na ordem, faltavam eles! E os 45?] 1000 [1.000.000, dos que escrevem samba no asfalto selvagem] a batucar[a lembrar, antes de afogar]. [Viver na favelóca é um batalhar-sambar-espectrar antes de afogar. O viver do sambar é um pra sempre assombrar. Infinito não passar passando].E, claro, Elza Soares.

Por que não deixar o samba morrer, morto que parece ter sido pra não assombrar? Claro, porque o morro não sido esta sendo feito de samba. Não quase-agora-sempre, lá é outros salões! Agora? É! Sim! Mesmo que no sempre-agora-quase. Mesmo no morrer, um agora-quase assombrar sem fim! O barracão era de zinco agora é de baiano, tijolo baiano; o malandro agora vai de trem, mesmo que seja das 23, 11 quer dizer, relógio de pobre tem menos! Claro, o morro mesmo é um estar a sambar, sentença de morte para os morridos que insistem no salão em etiquetar, voz do malandro que vivo diz o eterno me matam ou morro: o assombrar a sambar. Mas sem malandro, sem barracão de baiano, mesmo que de paraíba, sem favela de óca, lóca, louca, loka, Sounds, não tem morro de samba pra gente sambar, pra gente acontecer, pra gente assombrar-rajar-matracar cá-poeirar-guerrear res-existir, não tem nem guerra nem amor sem fim. Não tem a-mar e só o nada-r. Não tem ar! Se de árvore é verdejar, de malandro é lá e cá-poeirar, jogar com a poeira, ídolos de poeira, marafo e farelo a sambar-assombrar. Malandro sempre em processo não vai ficar esperando na porta da Justiça, pra bem ou pra mal vai sambar! Claro, até do outro lado se sabe: atributo verbal, incorporal, que sem sido coisa res-existe, aquele algo que é insistir, que sabemos ser sem saber o que é e onde está. Nada [não ser] é mesmo não infinitar [não infinitivamente lutar, não revolucionar, não elipsar].

Cá! Como onde? Cá mesmo, ou melhor, lá naquele terreiro onde cabe o céu, o mar, mora nossa Senhora Aparecida, preta preta pretinha, negra, mora Pomba Gira e Exu, mora Anjos sara[i]vadores e lançadores 45-171, mora brothinhos, cosminhos, irmãozinhos e as menos que nada irmãzinhas índias; mora os menos que nada, as chutadas, as cuspidas, as numeradas, os espíritos mais pretos, pobres e podres das religiões, mesmo que Espíritos Santos. Mora a gente a sambar-macumbar-cirandar. Maldito Zambi, ZGemnbi, Sembi, Zemba, Sambi, Samba, Sombi, NZumbi, NZumba, Quizumba, Zabumba, Macumba? Mas cadê a rima pra Cambinda? Em Aruanda? Insiste ainda e a alma rima! Agora sim: Cambind-a!!! E vale lembrar o “Cambinda mamãnhê, cambinda mamãnha, segura cambinda que eu quero ver, filho de umbanda não tem querer…” E pro Brasil Um? Um banda um [e novamente. Salve Gil]! Viva umbanda de Cambinda [filho de umbanda não tem querer]. Essa vai pra Gil de Xangô, pra Cartola, Baden Powell e, o tão de São Jorge – de Ogum – agora, Jorge Ben Jor, sambemos bem [e tam-bém salve Marku Ribas. E não esqueçamos o sensacional Bebeto!

Negro Cambinda das costas lindas é que fala nagô é que fala nagô, negro das costas lindas filho de babalaô. É na macumba ê é na macumba a, é na macumba ê, é na macumba a, é na macumba ê ê ê, é na macumba ê ê a, nego toca nego dança no repique do tambor, nego toma sua marafa e sarava seu protetor.

[Saravá…]

E lá tem não-afro samba? Tem não! O samba vive na corda, no ponto riscado do pembar, bambeando pra firmar, lá e cá, embaixo encima do sentido sem-sentido; só mesmo o trem kantiano corre encima da linha, nada confuso, desmisturado, puro, paia, mala-paia. Mala(TF)phaia? Centro moral da subversão jurídica que tem nos golpeado, centro moral-religioso das tenebrosas transações que tem golpeado nossa constituição. Bolsada não, [Salve mestre!] Pastinha em Mala-paia. Mas sei sem saber que se trata de mentira grande de gente muito pequena, a quem só dá trela quem se esqueceu, outros analfatóteles funcionais; esqueceu que: “homem que diz sou não é”!

Aqui-lá a gente é o torto incorreto, mas em-cor-reto: preto-indío, desarazoado, sem delegado, sem paia…, sem mala…, sem faia…. Samba de breque? Samba é mais encher-lembrar-dançar-sambar até no vazio do breque, da faia! Por isso ele também pode cantar o amor, manter a chama sem vela. Sorriso sem menina e menina sem sorriso. Alice não, é Terezinha! Têtê diz o Pretutu e com sotaque Chacrinha. Sentiu o cheirinho da rima de Tutu (de feijão de vó preta mineira)? Não entendeu? Língua dos filhos de preto véio de Cartola. Mas e a língua portuguesa? Preá comeu! Língua mesmo é bom com batata na casa de Ana Bela! Eita cheiro de Samba!

Segunda experiência sensória: fingindo amor com dor.

Experimentemos: “Valei-me Deus é o fim do nosso amor [sem restrição, por favor, meu e dela, minha e dele, dele e dele, dela e dela, nosso, 1, 2, 3, de 4, 45, 69, 100, 171, 1000. Maldita ordem! Mas um sete um não é 171 e O Anjo Quarenta e Cinco não é A45, tá mais pra cor de bola 8, é em-cor-reto, isto é, tem nome e sobre nome!], perdoa por favor que eu sei [mesmo sem saber] que o erro [o in-correto] aconteceu [acontecido foi], mas não sei [mesmo achando que soube] o que fez tudo mudar de vez [o que mesmo faz tudo mudar? O que faz o fundamento do toda vez que eu ando o mundo sai do lugar? Do cirandando andar?] onde foi que eu errei [onde in-corri em erro? Podíamos fazer cessar a mudança? Mas sambar não é mudar?] eu só sei que amei que amei [findei, findei, entristeci, entristeci. Então, mané se não finjo, merecido sofrer!]”. Salve Djavan! Alguma semelhança com o nosso reclamar da política atual? É a razão insistindo contra o sambar, o amar, o acontecer, insistindo na polaridade do ou sofrido ou feliz sido, não do sofrer, do estar, do sofrer-em-feliz-estar …e… feliz-em-sofrer-estar [aqui teve de ter breque!]. É razão dizendo que ao errar, planetas que somos, erramos, errados ficamos. A-políticos nos tornamos? Delegado sem coração, paia, mala, faia, mané. Mas nós estamos no saber amar ou no “soubemos” que tendo amado amamos? Essa sim, pergunta de malandro. Porém é e não é, ai porém! Com razão aqui quase-agora-sempre somos apenas sabidos, acontecidos! Mas não é de um saber-sentir amar que se trata? De um feliz-em-sofrer estar amando? Politic-z-ar? Amar-sambar! Mas aí é um sofrer-em-feliz amar que brinca com um feliz-em-sofrer desamar: sambar é brincar na poeira, lá ou cá poeirar. Política também é cá poeirar! Sambar-amar? Sei lá não sei, sei lá não sei não, é um porém! Só nos resta, pois, amar o desamor, com efeito, isso é o também amar. O também em política errar! Ai o mar!

É este ou não sabido ou sabido que, findo, dói, é o que nos ilude findo, tendo sido; razão não é estarrrrrrrrrr feliz nem estarrrrr triste, é ou ter ou não ter estado, amor é que pode ser feliz-em-sofrer serrrrrr [breque, ouviram o tamborim de samba enredo?], infinito enquanto dure: infinitivo saber-sentir-sofrer-amar-sambar. Ora, mas também é por isso que malandro é malandro e mané é mané, malandro é saber, é serrrr, mané é sabido, findo, tão belo tão rico, pode crer que é! Salve mestre Bezerra e os tantos da Silva! Mas experimentemos: “Ai como dói a dor, ai como dói a dor de amar [breque samba imperativo: diz o poeta-malandro fingidor, lembrem-se!], quem se desencantou [quem fez findar] sabe o que é [de fato] chorar [soube por certo tempo, e é preciso isto findar, o estar infeliz mesmo enquanto não dure], mas neste mundo [o dos sabidos, dos tão belos tão ricos, o da cidade, o aqui em baixo da univer-cidade] não tem professor para a matéria do amor [amor-amar] ensinar[rrrrrr, ensinar a manter o ronronar de gato sem sorte, com –Salve Mulato LatinoLuiz Melodia, com pretutu tutu tutu tutu…] nem tampouco se encontra doutor [que só rima mesmo é com dor, de tão belo e tão rico], dor de amor é difícil[-impossível] curar[-curada]”. Salve a maravilhosa Beth Carvalho! Gaguejei? Não! Se sim, tomo mais um limão e fico bão! Não, é tamborim a passar, a matracar! Então, amor e política quem pode ensinar? Coisa de que a gente entende é esticar coro de tambor, falta só um quase pra fazer a grande política acontecer.

Vejam que o hospital, a cidade e a univer-cidade dos tão belos e tão ricos não vão ajudar quando se trata desse ou daquele sentimento, ou melhor, deste saber-sentir-sofrer-amar (acontecer-sambar), saber do tão feio de tão pobre, sentimento humano de plebe, especialmente se você é brasileiro do morro favelóka, mas aí já é muito pleonasmo. Você não se reconhece? Merece o só sofrer sabido, o merecido, o não pensar-amar, o pensado do esquecido, o erro político sido, o suposto do outro lado do mar, o que aqui travestido quase-agora-sempre nos violenta com o esquecer! O lógico!

Quer saberrrr? Aqui no alto tem escola que não se pretende universal que ajuda, mas tem de ir para mais perto do céu, ficar-estar-guerrear bem pertinho do céu, descer do ilusório arranha céu, baixar a Torre de Babel, babído, sabido, dos tão belos e tão ricos. Desculpem o trocadilho, pra mané a alma do negócio é o simples rimado! Olha a rima, o negócio é rimar? Mídias sem alma! É preciso se misturar, ir para lá, para o céu onde Mangueira nasce no terreiro verde do mar, o lugar impossível, o contrário da caverna-razão antiga. Opção muito mais belamente cheirosa, macia, saborosa, visível e audível que cidade dos porcos. Mas lá tem quase que ter Viola no nome para entrar, para depois ajudar a iniciar a experiência sensória do esquecer o esquecido, o findo, o sabido dos tão belos e tão ricos e o do travestido do outro lado do mar. Ficar no infinito porém do sei lá não sei não, mesmo de lá. Começar lembrando do amigo (que é coisa que não se esquece), que vendo nos viu sofrido e nos convidou a conhecer mesmo sem saber o que ia acontecer. Mas é claro que algo, mesmo vindo de lugar impossível, passará a acontecer: o outro amar. Princípio da grande política! Só este tipo de escola nos leva à experiência do experimentar que faz cessar o andado-difícil-percorrido, o antigo para o alto do falso alto sol-acontecido, faz cessar o falso Bem, fonte última do errado político findo-sabido, pra nós fica é o Jorge Bem, mesmo que Bem Jor; fica o experimentar o errar dos nossos corações, o contra a mania do desamado, do desarticulado, do despolitizado, do ou Belo ou Feio, ou céu ou inferno, do amor acabado, do amor perdido. Consultemos prestando atenção no ad-verso, cantemos:

Se um dia meu coração for consultado, para saber se andou errado, será difícil negar. Meu coração tem mania de amor [Breque imperativo de João: de chegar tão perto] [mania que há de se tornar de acontecer-amar-sambar, no perto e longe embolar-sambar] amor não é fácil de achar [mentira fingida], as marcas do meu desengano ficou, ficou, só um amor pode apagar. [Mas qual mesmo?]

Porém, a porém, há um caso diferente que marcou um breve tempo meu coração para sempre [contra o quase-agora-sempre], era dia de carnaval, carregava uma tristeza, não pensava em outro-novo amor [mas não pensar em outro-novo amor não é insistir carregar a tristeza? Mentira fingida! Pra valorizar!] quando alguém que não me lembro anunciou;

Portela, Portela, o samba trazendo alvorada [o sol que ilumina mais uma vez] meu coração conquistou [iluminou].

Ai [eis a marca inconteste do sofrer-em-feliz experienciar amar, vale repetir. Ai] minha Portela, quando eu vi [ouvi] você passar [infinito passar], senti[r] o meu coração apressado, todo meu corpo tomado [ser], minha alegria voltar [estar sempre a voltar, voltear]. Não posso [nem quero] definir aquele azul, não era do céu nem era do mar [sei lá, sei lá não sei não]. Foi um rio [azul, da cor do manto azul e branco, azulzinho] que passou [insiste em agora mesmo passar] em minha vida e meu coração se deixou levar.

Cura [não-curada] de amor e de política é dar voz ao morro, fazer o rio azul, procissão, passarrrrr, passarrrrrada, sinfonia de pardais, fazer o coração no agora-sempre-não-mais-quase se deixar levar. Vai vai a cidade a cantar se deixar levar, cultura-politizar.

Terceira experiência sensória: volteios da dor sem amor

Mas, me desculpem, só falar da dor, da tristeza, da infelicidade do desamor, Vinicius que me desculpe, é quase só contar piada. Há dores mais doídas, de um povo desmisturado em um, separado do umbandaum, às vezes até jogado longe, essa sim a eterna separação das duas vozes que passa a ser uma só, só infelicidade de um só, de criança uma só. Saudades que impedem o cantar. Dores mais tristes, mais infelizes, mais fundo ainda o esquecimento, o quase apagamento, ainda mais sem remédio: cativeiro dos e das sós que a morte em vida é o tentar escapar. Não reconhece o outro com dimensão de continente, o embaixo dos tão belos e tão ricos do outro lado do mar? África! Se veio de lá, ou antes, sem nunca ser dono, tava descoberto aqui, também embaixo, o jeito é o viver poder escapar, mesmo que para poder morrer; mas aí nem terra vai comer. Mas existe o possível se organizar!

Porém, para falar a dor de-lá e de-aqui, até chegar nas delaszinhas e deleszinhos, é preciso acordar que vamos experimentar o que sempre aculturando a mente recusamos, aceitar sem quase entender que nossa política e religião iludem o que é o mal, os malas, os Malaphaias. É preciso abrir a faia, a falha abismo, a que faz até a fé faiar. Deixar outra experiência mais profunda e dolorosa acontecer!

Há quem duvide que Deus existe. – Valei-me minha Nossa Senhora! Mas o diabo, isso já é outra questão, não tá só em redemunho não! Por isso é preciso ir até a recusa política da religião do samba, do morro, da malandragem, da criancice; é preciso incomodar a vovó, preta velha infinitas vezes mãe dos malandros, das crianças, dos cativos, das silenciadas, dos morridos. Mas se é verdade que samba é remédio, façamos, pois, o acordo e experimentemos, ainda uma vez, aquelas mais dores que sempre também são a origem do samba. Primeiro o acordo, avisa Besouro cordão de ouro:

Pé dentro pé fora quem tiver pé pequeno que vá embora…

Quem não gosta de samba, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente dos pés. Eu nasci com o samba, no samba me criei, e do danado do samba eu nunca me separei…

[Ei de nunca me separar: sempre assombrar]

Mas aqui a dor é profunda, abismal, entorpece, faz bambear, faz revoltar, de um estar sempre revolto, sempre infeliz fazer-sofrer, o que é preciso infinitamente evitar se não queremos acabar por também nossos irmãozinhos e irmãzinhas matar. Agora o Patuá:

…No fundo do mar tem areia, firma ponto senão bambeia…

Vovó não quer casca de coco no terreiro, faz vovó lembrar do tempo do cativeiro… lembrar do tempo do cativeiro… do cativeiro… [lembrar do doer, faia sempre aberta, sempre ferida]

Casca de coco: Carandiru

Casca de coco: 174

Casca de coco: Candelária

Casca de coco, casca de coco, casca de coco, casca de coco… Piaçava, piaçava, piaçava…

Perguntemos: é o sim e não da guerra sem fim ou é o ou sim ou não do fim da guerra? Sim e não, não ou sim ou não, não se esqueçam!Essa é a tristeza que ameaça de fato ser sem fim, mas é politicamente e religiosamente necessário, verdadeira religiosidade, caridade de fazer sentir o findo a finda, o resolvido a resolvida, o dissolvido a dissolvida, o matado a matada, o morrido a morrida, o encarcerado a encarcerada, o errado a errada, o malvado a malvada, o assassino a assassina, o drogado a drogada, o bicha a sapatão, @s filho@s das put@s, xs sempre caladxs, os viados, os que devem ser curados, os sem voz que infinitamente são levados para o profundo das cidades, das univer-cidades. Bora somar: Cracolândia+Carandiru+Febem+…= Candelária+174+Clack bum+… e ainda sobra infinita piaçava. Conta do Diabo! Desarrazoada! – Zoa não!!! É preciso falar dos na academia não nomeados, sequer numerados, os muito mais de 100 sem nomes. Afinal de contas, aqui, como lá na Igreja e no Congresso, não se pode falar de filh@s dxs put@s. Mas no morro, especialmente na Favela Sounds, tem Pomba Gira e Exu e é sempre possível gargalhar tomando marafa e nomear seja qual for o filho da puta. Lembrem-se “Pé dentro, pé fora, quem tiver pé pequeno que vá embora”, essa é a hora!

Cadê o Charles Anjo 45? Grande parte da possibilidade do cantar, mesmo que junto com o do rajar, do saraivar, lançar granada se não com alegria ao menos com verdade. Verdade dói? IML dói? 111 indefesos mortos dói? Pra sempre sigla e número, menino 23, pra esquecer! Índio nem tem número, ainda mais eficiente extermínio! Mas, insiste em doer, dói sim! – Charles, aqueles outros filhos das putas vão matar todos os nossos irmãos e irmãzinhas, cadê você Charles? Mas, quando, o que não é de costume, a fé de pobre faia, nós queremos ver-ouvir quando Zumbi tiver chegado, não o assombrar sempre chegando. O que vai acontecer quando Zumbi chegar, único modo, insistir em chegar, assombrar lembrando? É guerra sem fim, sem fim, sem fim. É Zumbi a zumbir saraivada de balas e granadas contra as falanges do mal, contra os lá debaixo, lá das univer-cidades, das igrejas, dos congressos, lá do centro mais baixo, dos cuecas cheias de dinheiro. Onde o que dá é falso malandro professor de política, ética, moral, cristia[ci]nismo e Deutsch [dos alemão] e tal, malandro aculturador, falso palhaço regular[dor] profissional, malandro com aparato de malandro oficial, malandro com retrato na coluna social, malandro com contrato [anti]social, com gravata, com desaparecelogia do Geistes, capital e coisa e tal, que nunca t[T]eme[r] se[r] dar[do] mal.Salve Chico de coração tão belo e não tão rico, graças a Deus!

O cinema, que não para se a verdade dói, não nos enganou, tem Bope II. Foi até a descoberta do centro dos 174s: é o congresso! Cheiro de cueca podre! Verdade é que o mais lá embaixo daqui é o centro! Os Favela Sounds acertaram em cheio! Mas vamos descendo na revolta, na dor, na guerra, na morte, bebendo o sangue dos mortos. Com muita modernagem, encima de boi encantado e em Cantoria, homem também da floresta diz “Só é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor de sua terra, a marca de sangue dos seus mortos e a certeza de luta dos seus vivos“. Já que é pra falar de modernagem vale lembrar, também como prova do grande sincretismo, que tem Samba Rock maquinal de Paul MacCarteney “Check my Machine“. Lembrem do Patuá… Cordão de ouro… Só quem não tem mandinga não carrega, e lá vem mandinga. Experimentemos:

Beira mar auê beira-mar, beira mar auê beira-mar
Eu tava cantando gira [gira de Gira Mundo, de Tranca Rua] no alto de um Jacutá e eu vi o morte pescando lá na beirinha do mar…
Beira mar auê beira mar, beira mar auê beira mar
…eu vi o morte pescando lá na beirinha do mar… a morte na beirinha….a morte
Quem escuta mãe d’água no mar, vai com ela pro fundo do mar… Ooo Iemanja, rainha das ondas sereia do mar…
Infinitas piaçavas, casca de coco, casca de coco, casca de coco…
Carandiru, Febem, I74, Candelária
Casca de coco, casca de coco, casca de coco, Clack bum…
Paparrá paparrá paparrá pa pa… chuva de piaçava
Matrará matrará matrará Clack Bum car car. [Aqui não é o gaguejar e sim o matracar que faz assombrar, quase gargalhada de Exu, mas aqui não é lá].

Dói? Firma ponto senão bambeia
…não bambeia,
…bambeia

A carne mais barata do mercado, do açougue Brasil é a carne negra, preta de tão pobre, de tão pobre podre, podre… Boa de cuspir e escarrado! O Haiti não é aqui? Pra mim, pra ti, aqui pode ser e se tornar mais, bem mais pior, que ali, que aí, que ai, que Haiti, que la la la la la lá! Basta fazer acontecer de estar aqui, junto da carne de criança preta, pobre, podre, de criança índia, ainda mais podre, podre, podre de nem preta, nem negra, sem língua pra ser sentida e sentir, pra existir. Cunhatã? Junto dos irmãos e irmãzinhas podres de tanto morrer. Mas nos barracos-ocas deles todo mundo pode entrar, nem mesmo Morro do Dendê escapa, Rio Ano Inteiro de sangue, Amazonas de tanto sangrar, vermelho vermelhão, de sangue que não é azulzinho não, mas quem vai lembrar? Quem vai impedir o acontecer que está quase-agora-sempre chegando! Deixa doer? Criança índia diz: Vai quase-agora-sempre piaçava colher, pra você ver se verdade de cativeiro não dói! Menino 23, menino 23! Lembra? Volteios de concentração à escravidão? Esse sim o mais explícito e podre golpe quase-agora-sempre! Sentiu o cheiro de coisa realmente podre? Ainda é o Brasil!

Chama a Polícia contra fala de Exu e Pomba Gira? Curiosa culpa dos outros podres, pobres, índios pretos de tanto matar, os que esquecem-obedecendo, obedecendo os não Santos filhos da puta, esses sim; revolta às avessas, fim sem guerra. Os Exus avisaram a cilada quase-eterna; mas foi, é, será muita matraca e pouco berro: quase eterno-quase. Bope é cinema, mas Bope mesmo a serviço da Igreja-Congresso é fim de guerra, é barbarizar os cada dos mil Santos, omnes et singulatim, os cada um da procissão e cada um com mais de cem tiros. Espetáculo diário macabro de matar os sem direitos nem simbólicos, os sem nome, sem sigla, os sem número, os mais de 1.000.000 e 1.000 e 100 sem nadas a tentar fugir a tentar existir. Experimentos o assombrar o fim da guerra:

O menino [e a menina idem, ibeji] cresceu entre a ronda e a cana, correndo nos becos que nem ratazana. Entre a punga e o afano, entre a carta e a ficha, subindo em pedreira que nem lagartixa. Borel, Juramento, Urubu, Catacumba, nas rodas de samba, no eró da macumba [nos terreiros do Brasil]. Matriz, Querosene, Salgueiro, Turano, Mangueira, São Carlos, menino [Miúdo] mandando, ídolo de poeira, marafo e farelo, um deus de bermuda e pé-de-chinelo, imperador dos morros, reizinho nagô, o corpo fechado [agora-sempre-quase] por babalaôs.

[Agora vejamos o que vai acontecer quando Zumbi insistir em chegar, em assombrar no agora-sempre-não-mais-quase] Baixou Oxolufã com as espadas de prata, com sua coroa de escuro e de vício. Baixou Cão-Xangô com o machado de asa, com seu [punhal infinito] fogo brabo nas mãos de Corisco [que vinha com paramentados Bonita Maria e Virgulino Lampião, com Glauber pedra90, que pra sempre não esfarelou, na mão]. Ogunhê se plantou pelas encruzilhadas com todos seus ferros, com lança e enxada [e o enferrujado enxadão da obra]. E Oxossi com seu arco e flecha e seus galos e suas abelhas [e Besouro cordão de ouro] na beira da mata. E Oxum trouxe pedra e água da cachoeira em seu coração de espinhos dourados. Iemanjá, o alumínio, as sereias do mar e um batalhão de mil afogados [os já mortos programados, antes já pelas igrejas-congressos destinados a morrer]. Iansã trouxe as almas e os vendavais, adagas e ventos, trovões e punhais. Oxum-Maré largou suas cobras no chão. Soltou sua trança, quebrou o arco-íris. Omulu trouxe o chumbo e o chocalho de guizos lançando a doença pra seus inimigos. E Nana-Buruquê trouxe a chuva e a vassoura pra terra dos corpos, pro sangue dos mortos. Exus [e Pomba Giras] na capa da noite soltaram a gargalhada e avisaram a cilada pros Orixás. Exus, Orixás, menino, lutaram como puderam mas era muita matraca e pouco berro. E lá no horto maldito, no chão do Pendura-Saia, Zumbi menino Lumumba tomba da raia, mandando bala pra baixo [e não esqueçamos que o mais embaixo é o centro] contra as falanges do mal, arcanjos velhos, coveiros do carnaval.

– Irmãos, irmãs, irmãozinhos, por que me abandonaram? Por que nos abandonamos em cada cruz? – Irmãos, irmãs, irmãozinhos, nem tudo está consumado. A minha morte é só uma: Ganga, Lumumba, Lorca, Jesus…

[Se nos abandonamos em cada cruz, nem mesmo 16 toneladas de caixas de bala dundum da Bahia em oitão ou em rifle de cabo amarelo de Recife dá pra salvar nossos irmãozinhos e irmãzinhas tupi-nagôs. Tomba malditos – diz Delegado Extermina-dor Chico Malaphaia].

Grampearam [agora-quase-sempre] o[s destinados] [menina-]menino [crianças] do corpo fechado e barbarizaram com mais de cem tiros. Treze anos [feio dizer, mas é Eca na cueca] de vida sem misericórdia e a misericórdia no último tiro. Morreu como um cachorro e gritou feito um porco depois de pular igual a macaco. Vou jogar nesses três que nem ele morreu: num jogo cercado pelos sete lados.

Salve João Bosco e também Aldir Blanc

Ai ai ai aiaiaiaiaiai! Prova cantada que verdade dói. Pra esquecer o porquê nos abandonamos em cada cruz só mesmo alertando-iludindo televisivamente todo dia. Cidade alerta = Polícia alerta! Nisso evangélico-protestante fala verdade: televisão, a magia do alerta polícia, é coisa do Diabo. Mas lá não é canal de pastor? Dono de televisão? Não são falsos, portanto, nem o fato nem o sentimento que fazem a base da guerra cantada do Rap das armas, e Mano Brown já alertava para o perigo dos Zés povinho, o mesmo dos alemão, que não se enxergam como irmãos dos Dimas ou do perdoa-dor Jesus [não cura-dor ou extermina-dor]. Mas isso tudo parece coisa de Exu e Pomba Gira. Zé povinho e alemão dormem enquanto sua pátria é sub-traída em tenebrosas transações, daí o errado e o erro na crucificação. Ação de a-politizar, silenciar, cimentar, de extermin-a-dor. A vida é Loka Nêgo!

Nós esquecemos: Samba é pai do prazer mas é filho da dor, das Dores; desde que o Brasil é, é assim. Visões desde o antes-quase-sempre do paraíso? A tristeza insiste em ser senhora, o quase-agora-sempre pode insistir em ser tão ruim. Lembremos que talvez o Rap seja mais pai que o filho Funk, quem sabe por isso a alegria-volta (Que tempo bom…) de um Thaide e Dj Hum e a dor-re-volta dos Racionais MCs que, evangélicos-protestantes também, insistiram em fazer lembrar as mais que reais e errando erradas crucificações. Sobre esse lembrar, os evangélicos-não-protestantes, os Zés povinho, dizem: – Vai de reto Satanás! Lembrar crucificação só se for a de Jesus, senão é coisa de Exu Pomba Gira, coisa dos mortos Dimas bandidos! Eles, apesar de Racionais Mcs, também filhos do Samba, talvez mais do Sambar Rock, mas desse teremos de falar só daqui há pouco, certamente quando subirmos para a guerra alegria. De qualquer modo, a vida que é uma só é pra valer, e não se engane não brothinhos, a vida não é brincadeira, quase-agora-sempre tem micro-ondas e crucificação, cheiro de churrasco de gente e pólvora. De capa vermelha e preta os mais de baixo estão chegando, agora-quase-sempre chegando! Chama Zumbi e Dandara, Maria e Lampião, …, lembra! Pixote e menino 23? Lembrou? Bora ver estes agora-sempre-não-mais-quase chegar? Estudar o Brasil? Só se for agora! Mas escola precisa ter partido?

Assim, nem sempre é possível mostrar ao mundo que temos valor: -– Salve o Bope! – Esqueçam a Cidade de Deus! Gritam os filhos da outra sem partido, malas-paias, infelizmente nem sempre só os filhos da que de tão gorda e de tão cheia de dinheiro na cueca já não anda mais. Há sempre aqueles muitos sonâmbulos nos quais o esquecimento operou profundo: a-politizar, policiar e chutar-religiosamente santa, evangelizar pra não protestar, quer dizer, ensinar a-economia, a-política, “bons” modos e civ(n)ismo, ensinar catecismo e a “verdadeira religião” ou mesmo a “verdadeira a-filosofia”, é coisa de legião, é curar-matar-cuspir gay, mas sempre engordar a cueca, engordar a porca, porca, porca, essa sim a mais podre; engordar o mais belo e rico (aqui não cabe feminino), é tudo porco; é preciso temer os porcos. Temer? Polícia neles, grita o inconsciente do povo de um país, mas, sonâmbulo, errando erra nas crucificações! Precisa se organizar em cor-reto! Bora estudar!

Muito bem dito o foi por Baco Exu do Blues “a escola que é bem burra no Brasil”, sonâmbulos e aculturadores? E Pedro Alexandre Sanches melhor ainda completava: “A revolução não se aprende na escola, seja a sem partido, seja a com partido”. Falta o adequado lembrar. Mas não é justamente por acharem o contrário que os Zés povinho, os sonâmbulos, querem tirar a filosofia da escola, da Univer-cidade? Razão quer sempre ficar com um do lados!

Esquecemos depois de tantas crianças mortas e fodidas, os velhos governadores, coronéis, economistas, padres e pastores, os verdadeiros bons professores, os coveiros dos carnavais? Caveiras do Bope, é claro, mas as mais reais mesmo são as caveiras das crianças fodidas pelas igrejas-congresso-univer-cidades: abortos, estupros etc e tal, nesse cu do mundo nosso sítio. Fala de Exu e Pomba Gira? Ainda mais tenebrosas transações do açougue Brasil! Há mais de 500, descobertas foram e ainda são sempre-quase-agora as crianças indígenas, carne que de tão podre nem mesmo é preta, nem preta, nem pobre, nem podre, de tão podre nada, as mais fodidas, as mais esquecidas, as nunca ouvidas, nada, nada, nada. Mas fodida é coisa de Exu, de Pomba Gira, não se diz em salão dos Wittgenstein. Nem todo professor tem coragem de soletrar: F-O-D-I-D-A-S. Mas verdade silenciada não deixa de doer, mesmo na escola sem partido. Re-voltas da mordaça de Anastácia? Essas sim a carne ainda menos, as mais inocentes desencarnadas, as nem batizadas. Igreja-congresso, tudo começou na univer-cidade-igreja média. Ensina aí Tom Zé! E o micro-ondas de madeira também! Faz tempo que tem churrasco de gente e de criança ainda mais!

Aquelas crianças até o Samba as esquece. Dia 19 de abril não é dia de criança índia! Lembremos! Mas quem vai curar isso tudo? O não esquecer o descoberto, o não esquecer o escravizado, lembrar continentes de gente sem lar, de lá ou de cá. Filh@s d@s put@s é preciso lembrar @s fodid@s! Lembrarrrrrrrrr. Chega de infinitar piaçava, de erguer estranhas catedrais!

Esquecer as Favelas-Ócas mesmo que de Deus? Cálice dissimulado, mais doce, mas ainda mais cheio de sangue dos muito mais de 100 sem-carne, sem-carne-pobre, podre de criança, dos inocentes, dos sem graça. Mas como sambar sem graça, com só a palma do pé de fora, cabeça pra baixo, no caos-lama-piaçava-lixo de cá? Existência caranguejo-severinaá está quase-sempre-agora a realmente-assombrar. Irmãos, irmãs, irmãozinhos e irmãzinhas, se nos abandonamos-esquecemos em cada cruz é o Diabo reinando! Será que existe? Rá rá rá rá rá, gargalhada de Exu. Papará papará pá pá, clack BUM, no céu-ar agora vermelho do morro e cas cas cas cas cas cascá casca de coco no mar-terreiro também agora vermelho, será que existe? É preciso matracar: Papará papará pá pá, papará papará pá pá, clack BUM! É preciso estudar, é preciso lembrar que de tão rápido matracar Virgulino passou a ser chamado Lampião, batismo com gosto de morte. O Rock de Raul, subversor do tempo e que sobre as estórias desse mundo sabia demais, avisava depois o antes-quase-sempre sabido que os alemão colecionador-exibidor de cabeças estão agora-quase-sempre a cortar-fotografar. Salve o nosso mosca da política sopa Raul! Solução de política golpista é alugar-privatizar o Brasil, mas isso é nosso antes-quase-sempre, não só agora.

Mas, graças a Deus, pois os valeram Nossa Senhora, que orou, ora e orara por todos nós, sobrevivem os quase nenhum que pegam paia na grama do jardim. Conhecem a saudosa maloca deles? Esses nunca foram mala, nem faiam. Invertem a lembrança: Cascascascas cas ca, cascarigundum cascarigundum cascaringundum… Cascarigundum é paia no jardim, não é casca de coco no terrero, que pra atender a vovó nós esquecemos cantando assim cascarigundum cascarigundum cascaringundum bóóóóóóóóó. Samba caridade de preto-branco velho coroado, pretutu, o vovô da vovó, que já não pode mais trabalhar. Vale lembrar o ponto “Gente preto velho está muito cansado, ele é por Deus coroado, já não pode mais trabalhar / Caridade é uma tolha na mesa, um copo d’água e uma vela e uma guia de pai Oxalá / Caridade…”

E a literatura e mesmo o cinema novamente foram até a verdade mais alta. Salve Ariano Suassuna! Que soube, como ninguém, embelezar o destino final dos quase desvalidos, dos infinitos quase nadas Chicós-João Grilos! E lembre-se, estética mesmo é romance, e da pedra, D’A pedra do reino. Lembrou pedra? E como estamos a falar de morte e de vida severina, também salve João Cabral!

Cuidado agora na subida, sem esquecer caboclo-criança-índio volta ao ponto firmado na pontinha do cipó, não esqueça que ele ficou lá, é meia noite na lua mas é meio dia no sol… é meio dia no sol. Quem quiser ver o dia clarear, chama Vai, Vai chama, que faz vir o meio dia no sol, rio azul-branco, terreiro verde-rosa, dia no sol, vem o sol, vai, vai. Que beleza, é alvorada no morro favelóca. Até mais ouvir Gira Mundo, Geni, foi! Trabalho de Exu e Pomba Gira já terminou, mas sem findar, lembrem-se! Experimentemos, pois, a outra alvorada, o julgamento de justiça sem fim:

O sol há de brilhar mais uma vez, a luz há de chegar aos corações, do mal [até as mais tenebrosas transações] será queimada a semente, o amor [de manter as meninas nos braços] será eterno novamente. É o juízo final, a história [do lutar infinitamente] do bem e do mal, quero ter olhos pra ver [ouvir, cheirar, sentir], a maldade [de cueca cheia podre] desaparecer [calar, não passar, findar ao menos quase-sempre-agora.

…o amor será eterno [passar] novamente…

Salve Nelson Cavaquinho, é voz Clara Nunes a lavar! Cheirinho gostoso de escadaria do Bonfim chegou! Salve meu senhor do Bonfim!

Foi justamente esse “calar” quase-sempre-agora ou quase findar que a Constituição Federal de 1988 nos garantia, mesmo que muitos dos direitos nela afirmados não tenha deixado o plano do simbólico, e é justamente até o plano daqueles direitos ainda simbólicos que os reacionários estão subvertendo ao pisar na Constituição. – Bora ser conservadores com relação à Constituição de 88 e voltar ao processo de assombrar com os direitos ainda simbólicos! Direitos já! Particularmente elucidador sobre tal assunto foi a entrevista que Fernando Henrique deu ao Roda Viva no início do seu segundo mandato; fica óbvio que o golpe já espectrava e que o centro a-político-ideológico de tal aberração seria São Paulo.

Novamente o amor, ufa! Amor eterno, agora do lembrarrrr, não só agora, do descontraído lembrar, lembrar na alvorada, de ver, ouvir, ter, segurar as meninas, as crianças, os irmãozinhos e irmãzinhas e tudo o mais nos braços, todo este AMOR este amar, este acontecer de amar assim descontraído, amor de estoria-dor, de lembra-dor. Viva Cosme, Damião e Doum, meninas crianças idem! Viva São Miguel! Viva Zumbi, Dandara, viva Maria, Lampião, viva Genis e Tranca Ruas! Grita e ri, canta de alegria Anastácia, sempre quisemos, mas agora é querer sempre, ouvir Anastácia dar sua risada! Eu não quero nada só sentir Anastácia rir, Anastácia rir…Papará papará pá pá, papará papará pá pá, clack BUM, sem medo! Têm saraivada fugaz de balas doces, fogos e até balão! Lembra São Gonzaga-João, a ascender a fogueira do meu coração! Viva as crianças!

Findar a experiência sensória: voltar a guerrear sem fim do embolar sambar o Tio Sam no Samba Rock.

Agora, já sem tanta dor e com alguma alegria fugaz, vamos ainda falar de política dos contra o centro da margem de fora, contra aqueles que fazem a força do nosso maldito centro, alegremente vamos fazer ouvir a astúcia do malandro, na embolada que ele deu no Tio Sam, o tão mais belo e tão mais rico, dono da razão, verdadeiro outro-centro mais baixo das ainda mais multinacionais-financeiras tenebrosas transações, centro multinacional-financeiro da outra subversão jurídica que também tem atacado nossa constituição.

Pra ir descendo, dá pra fazer um mix, comece sóbrio com Kelsen de Teoria pura do direito (Parte I, Cap. 6 – A ordem jurídica), enlouqueça com Derrida de Força de Lei: o fundamento místico da autoridade com algumas pitadas, que também é forte, do anarquismo de Quem manda no mundo?, isso mesmo, Chomsky pra temperar! Aí nossos hermanos sambas rock terminam: Tequila!!!

No imaginário do cá poeirar, tomou rasteira cá de poeira, foi o que tomou o piloto do dirigível prateado cuspidor das Pomba-Gira-Genis, o mesmo que tomou o chefe do curador de Gays, do chutador de Preta Santa, golpe culturador que assombrou o poder financeiro, que conscientemente culturado derrubou dirigível dos que verdadeiramente cospem no mundo. Diríamos “fodem”, mas, depois da subida, vovó preta velha não deixa mais falar palavrão, não deixa ficar casca de coco no terreiro; mas, também, nem sempre é preciso fala de Exu e Pomba Gira. Só o Jack de Almira Castilho lembrou de embolar o chefe do “Tudo pra nós e nada pros outros”. Epicentro, sem lugar, da cultura que desacultura, quartel general das falanges do mal, na voz que grita o “torna-te rico e esquece de tudo, menos de ti mesmo”; aluga as Américas, aluga com falsa ordem e progresso o Brasil. Pega Pré-Sal e todas as coisas e tais. Era uma vez uma floresta? – Mesmo sem ordem e sem progresso, é coisa nossa! Dizem nossos Bens poetas. Rasteira em voz? Ainda muita matraca, mas agora alegre, sem tanta revolta, mas talvez ainda mais forte, embolado berro! É preciso estudar e se organizar! Lutarrrr contra aquele lá sem lugar, o dono da razão, epicentro do “ajunta todo o sido para ti mesmo” dos mais belos e mais ricos, do imperativo “faz infinitamente findar a história, as estórias, finda o lembrarrr(r.)”. Eis o entro do fim da guerra: terra a devastar.

Isso sim é contar piada, parece, mas quem faz samba assim não-e-sim, sim-e-não, não-e-sim é de nada, será que isso quer dizer que é de algo? Mas Jackinho lá era de nada? Pandeiro culturador atômico! A cinematográfica professora Almira Castilho e o severinamente Gordurinha davam aula: – Nossa banana nele lá! E frigideira, e pandeiro, e zabumba,…, 1, 2, 3, 45, 171, 1000. – E coco, já dizia a mãe de Jack!– Munição pra pegar um por um, dizem em Cacique de Ramos! – Mais de 16 toneladas neles! – Até Rumba, dizem nossos América-hermanos! Escola com partido? Embolemos:

[Na voz de Jackson] Eu só boto bebop no meu samba, quando Tio Sam tocar um tamborim, quando ele pegar, no pandeiro e no zabumba, quando ele aprender que o samba não é rumba. Aí eu vou misturar Miami com Copacabana, chiclete eu misturo com banana, e o meu samba vai ficar assim:

Tururururururi bop-bebop-bebop
Tururururururi bop-bebop-bebop
Tururururururi [rock-]bop-bebop-bebop [mas sem Bope!]
Eu quero ver a confusão [a grande confusão]
Cutucuru cutucu Jack Jack [Salve Nelson Ayres e Augusto Boal]
Cutucuru cutucu Jack Jack
Cutucuru cutucu Jack Jack
Olha aí, o samba-rock, meu irmão
É, mas em compensação, eu quero ver um boogie-woogie de pandeiro[-atômico] e [Baden-]violão, eu quero ver o Tio Sam [tomar rabo de arraia] de frigideira numa batucada brasileira.

Salve O José [mais um] Paraíba [mais um] Jack do Pandeiro!

Isso era o que nem Mr Soul de Wright Express Yourself, nem Ray Anjo 45, quer dizer, Charles de Rock House, nem mesmo os impressionantes Jimmy Smith de Go my mojo workine Quincy Jones de Soul SAMBA Bossa Nova ROCK podiam embolar, aquilo era no máximo samba-rockar, faltava mais samba rock-enredar, embolar de Pernambuco-Bahia-Paraíba em pandeiro culturador ensinador atômico. Pra entender a referência e a mudança imperiosa tem que ouvir-sentir com muito carinho e cuidado o novo samba, o “Samba esquema novo”, principalmente a aula de “Vem morena vem”. Mas não é do Rio? Malandragem de Zé-Jack, e este na eternidade está sendo Não-zé-povinho; de José, a malandragem foi ter dado a ordem que já havia sido obedecida, mas pelos nêgos e hermanos de lá e cá, os também da carne mais barata do açougue de lá, os também já contra Tio Sam tão sem compensação, os também contra os satélites de lá, os também contra o mais falso malandro dono financeiro do mundo, super-ultra-mega-multinacional, dono da razão, isso sim O DELEGADO. Só mesmo Jackinho para, fantasiemos, ensinar Luther King ou Nelson Mandela o Tio Sam(ba) embolar. Mas brinquemos, lá-poeirar, dar rabo de arraia de imaginação louca livre quase consciente, pra aprender diferenciar Rumba de Samba era preciso convidar as guitarras de Jimi Hendrix e Santana para junto com Dodô e Osmar eletrizar a embolada fantástica, isso sim era de o Diabo calarrrr de uma só vez por todas o quase-agora-sempre das tenebrosas transações. Mesmo que fosse pra ver-ouvir, sentir. Isso sim seria guerra sem fim bonita de ver (e daleMaria Bonita!). Digno de chamar lá de cima os Orixás pra ver-ouvir para nós com eles estar. Será que Deus também gosta de rir? Sei lá sim sei, sei lá sim sei! Pra finalizar sem findo, vale lembrar que não é tanto assim imaginar, o pessoal pretutu já registrou esse fenômeno nos filhos de Gandhi daqui. Mas na Bahia e pra Gil, o que é o não-possível? Pra Gil tudo é o outro em-possível quase-agora-sempre ser! Princípio da política que nós não podemos esquecer. Seja lá como ou onde for, talvez a palavra Rock, ao invés de Jazz ou Blues, ou até de Mambo, de Samba Rock tenha nos iludido, mas foi justamente o fundamento da malandragem de filósofo Jack Pandeiro Atômico. Qual? Pra pensar! Nada importa se ele o soube, certamente foi coisa de voz de morro, que não é só aqui não. Salve a comunidade Samba-Blues-Mambo-Bossa-Jazz-Rumba-Enredo-Rock-Rap-Embolada-Funk Umbandaum infinitamente contra os Tios Sams de qualquer lugar!

Cutucuru cutucu Jack Jack, clack BUM

Para o filho do Elizeu: Eles-eu-zinho!
O irmãozinho reizinho indiozinho nagô, menino quase da Mangueira que nasceu-morreu, menino da mangueira que nasceu sem Natal.
Salve as crianças! Salve os Zum-tupi-bizinhos! Som de piãozinho a rodar?

Ainda precisaríamos de muitos compassos para lembrar as associações do Samba Rock com os muitos Mambos dos hermanos que, como os índios de cá, desde descobertos estão a lutar contra o violento silêncio. Viva Che Guevara, Zapata, Simon Bolivar! Sandino a saraivar? Salve Feira de guitarras Santanas (quase Bahia?)! Aqui o que estamos fazendo não é modernizar o passado? Viva Antonio Conselheiro! Viva o banditismo de classe lembrado pelas Nações Zumbis daqui, é preciso mesmo muita Science-Chico para achar o melhor jeito de lembrar! Aqui terminamos mandando um Salve para todos que não couberam nesses poucos compassos, mas todos nós sabemos que a vida não dá para lembrar em um samba infinitamente, pois é parte, curto!

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William de Siqueira Piauí

Cesar Kiraly

Professor de Estética e Teoria Política no Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense.