Author Archives: Renato Lessa

About Renato Lessa

Pesquisador 1 A do CNPq desde 2004 -, graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (1976) e Mestre (1987) e Doutor (1992) em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). Professor Titular de Teoria Política, da UFF; Investigador Associado do do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Diretor Presidente do Instituto Ciência Hoje.

(Volume 7) Pensamento Soberano, Abismo do Fundamento e Formas da Irresolução, por Renato Lessa

A obra de Fernando Gil, para além de sua originalidade ímpar – e vale, aqui, a deriva pleonástica – possui a marca da atenção a diversas ordens de problemas e questões. Desde La Logique du Nom, de 1972, na qual se impõe um tema que estará presente por toda a obra ulterior – o da “pressuposição da referência” – e das próprias Aproximações Antropológicas (1961), aos últimos textos publicados – o pungente e belo ensaio O Hospital e a Lei Moral e o notável texto Exemplos Musicais (ambos em 2005), há uma miríade de temas que poderiam ser reunidos em uma configuração maior, a de estabelecer uma forma própria de exercício de uma filosofia do conhecimento3. Um exercício que, embora atento ao caracter necessariamente individual da evidência, jamais descurou da consideração do que vai pelo mundo da vida.

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(Volume 6) Da interpretação à ciência: por uma história filosófica do conhecimento político no Brasil, por Renato Lessa

A partir da década de 1970, o Brasil, do ponto de vista dos que produzem, aprendem ou, simplesmente, consomem conhecimento político sistemático, deixou de ser interpretado e passou a ser explicado por enunciados com pretensão à demonstração. Entre a interpretação e a explicação, o passo pretendido é gigantesco. Por certo, a legião de autores que, desde a implantação do Estado Nacional brasileiro, nos idos de 1822, buscou interpretar o que se passava no país possuía pretensões à explicação, posto que não constituída por nefelibatas puros. Da mesma forma, poderá ser dito que qualquer pretensão explicativa, por mais ingênua que possa ser a candura de sua auto-apreciação, jamais fugirá dos limites e das possibilidades estabelecidos por modalidades de interpretação. A distinção, pois, entre interpretação e explicação é, no limite, insustentável em termos conceituais. Se assim o é para o plano das definições categoriais, o mesmo não se dá no plano da afirmação de campos cognitivos.

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(Volume 5) Uma História da Dúvida, por Renato Lessa

Em 1634, na cidade de Loudun, na França, o padre Grandier foi acusado de infestar um convento e suas pobres freiras com legiões de demônios. O processo ao qual foi submetido foi genialmente descrito por Aldous Huxley em The Devils of Loudun, em uma história que mesclava demonologia, fideísmo e devoção religiosa. O episódio, além de revelar a presença de um enorme interesse popular e erudito a sobre o tema da possessão demoníaca, em um século no qual muitos supõem ser marcado pela força do esprit laïque, suscitou um instigante problema de ordem cognitiva. Com base em que critérios, questões dessa natureza – possessões demoníacas – poderiam ser julgadas?

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(Volume 4) A quoi sert la répresentation? ou les formes de la distinction, por Renato Lessa

Une voix courante entre les politologues d’orientation institutionnaliste assure la santé et, pourquoi ne pas le dire, la vertu des mécanismes institutionnels qui configurent la démocratie au Brésil. La régularité électorale, la consolidation d’un système pluriel de partis politiques, fragmentaire mais fonctionnel, une logique législatif possédant de la rationalité en dépit de sa phénoménologie parfois bizarre et douteuse, et une corrélation puissante entre la compétitivité politique-électorale et l’acceptation universelle des règles du jeu, toutes ces dimensions, dans un mot, définiraient un ensemble d’évidences à propos de la consolidation, de la normalité et du plein fonctionnement des institutions politiques du pays.

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(Volume 3) O Silêncio e sua Representação, por Renato Lessa

Auschwitz, em sua máxima expressão – a do aniquilamento completo de suas vítimas -, pode ser imaginado como um experimento de vitória total do silêncio e como supressão definitiva das vozes humanas. O silêncio impõe-se, ao fim de tudo, em sua máxima compactação, precedido tão-somente da inutilidade e finitude dos sons humanos. Tal como um coro em desespero, as derradeiras vozes terminam por condensar-se no definitivo operador do silêncio – a morte – e nele se dissolvem.

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(Volume 2) Montaigne’s and Bayle’s Variations: The Philosophical Form of Scepticism in Politics, por Renato Lessa

It is impossible to exaggerate the importance of Richard Popkin in any reassessment of the role of scepticism in the configuration of modern philosophy. The fecundity of Popkin’s enterprise may be detected in the vast proliferation of questions that he has prompted. In fact, when re-established as a major philosophy, queries about scepticism may arise that are conventionally applied to philosophical traditions whose relevance has always been acknowledged as undisputed. A far from exhaustive listing might well include queries about the morality of scepticism, its anthropology, its attitude towards science, the possibilities of a sceptical aesthetics and, for the purposes of these reflections, its modes of perceiving politics and social life.

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(Volume 1) Experimento Bayle: forma filosófica, ceticismo, crença e configuração do mundo humano, por Renato Lessa

São as paixões humanas que derrotam o espírito matemático e a obsessão por sistemas. Dessa forma, o veto ao espírito geométrico aproxima-nos do tema da condição humana. Ao atingir o tema antropológico, Bayle opõe Descartes a Hobbes. Aqui o que importa não é a denúncia das obsessões geométricas, mas as proposições hobbesianas a respeito da natureza humana. Segundo Descartes, pelas mãos de Bayle, os princípios de Hobbes são “extremamente perniciosos e muito perigosos”, na medida em que apresentam os seres humanos como brutais e lhes dá razão para assim o ser. Diz ainda Descartes que o propósito hobbesiano de escrever a favor da causa monárquica poderia ser cumprido a partir de “máximas mais virtuosas e mais substanciais”. Conclui afirmando não ver como Hobbes poderia impedir que seu livro – De Cive – fosse censurado.

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